- ECONOMIA -

PRODUTOS LOCAIS

A produção local começou com a cana-de-açúcar. O Engenho da família Correia de Sá foi um dos primeiros do Rio de Janeiro. A cidade também teve produção agrícola que mantinha os daqui e os da capital por séculos. E, claro, a fartura no pescado. Os caiçaras dominavam as praias e ilhas, e vendiam toneladas de peixes e crustáceos. O pescado era tanto, que o Presidente Vargas instalou na Marambaia a Escola de Pesca Darcy Vargas. Porém, Marcos conta que a pesca predatória e as mudanças ambientais acabaram minguando a vida marinha.

O trem levava para longe o pescado, trazido por tropeiros que Ricardo se divertia acompanhando; o carvão, que o pai de Lucimary produzia e o avô de Gugu transportava da Serra do Piloto em caminhões; e, claro, muita banana.

Mangaratiba é uma palavra indígena e significa “ajuntamento de bananeiras”. Para a banana chegar ao trem vinha de caminhão, carroça e até canoa. Valdir lembra dos pequenos produtores transportando nas lanchas de passageiros. Daila e Vicente, crianças, pulavam no mar pra pegar as frutas que caiam dos cachos.

 

 

 

A “Bananada Tita” feita na Fazenda Santa Justina, inicialmente por mãos dos antigos trabalhadores das fazendas, atuais quilombolas, como as do Manoel, foi um marco da cidade. Cary lembra que a entrada dos vendedores nos trens, como Luciano e Cesar, era o anúncio de que os viajantes estavam chegando ao destino.

Hoje a cidade ainda produz frutas, legumes, verduras e pescados, mas não como antes. A produção em larga escala, nacional e internacional, e a especulação imobiliária, desanimaram os produtores rurais, os caiçaras e os quilombolas.

 

Cesar Carriço

Patrícia Vieira Braga

Manoel Firmino

Cida e Emil

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E TURISMO

O trem chegou a Mangaratiba trazendo novos personagens. Primeiro os turistas, que descobriram suas águas cristalinas e praias inexploradas. Os jornais e revistas propagandearam as belezas, a Rede Ferroviária passou a vender passeios de trem com música e jantar. Os famosos descobriram um refúgio perto da capital: Silvio Caldas virou figurinha fácil, Grande Othelo frequentava a casa de Georgette e Julieta, e Carime, irmã da Genny, virou poema na canção de Humberto Teixeira e Gonzagão.

Os turistas, apaixonados, quiseram um pedacinho para eles, como veranistas. Os moradores das áreas rurais viram uma oportunidade de ganhar um dinheirinho. Alguns vizinhos de Daila venderam parte de seus sítios em Itacuruçá, e também os de Maria José, em Conceição. Por falta de regulamentação fundiária, as incorporadoras passaram a adquirir as terras dos camponeses, caiçaras e quilombolas para criar grandes “condomínios”. Silvio conta que, sem conhecimento de seus direitos, foram sendo afastados de onde sempre viveram, como aconteceu com a família de Cida.

A ocupação foi descontrolada. Fernanda lembra que, com a Rio-Santos, Conceição de Jacareí chegou a receber mais de 400 ônibus de excursão por dia. A Associação da Praia Grande, criada por José Antonio, marido de Irene e pai de Valdirene, minimizou o impacto por lá, mas elas sonham em um dia voltar a conviver com veranistas e turistas sem transtornos. Pensando nisso, Lucimary, Emilzinho e outros moradores, criaram a Associação que está implantando o Circuito de São João Marcos, para organizar e melhorar a ocupação e o turismo na Serra do Piloto.

Julieta Gabriel Santos

Silvio dos Santos Soares

Lucimary Kaiser de Queiroz

Manoel, Ernestina e Vânia

Continue a exposição