- IMPACTOS -

MARINAS E PORTOS

O porto de Mangaratiba sempre foi estratégico. No ciclo do café, a Praia do Saco era um dos principais entrepostos do país e a Ilha da Marambaia o maior receptivo de escravizados. Durante o período de falência, o mar continuou alimentando a economia local.             

Com a chegada do trem, a partir de 1910, começaram a surgir as marinas e iate clubes para atender principalmente aos turistas e veranistas. O avô de Sérgio fundou com amigos o Iate Clube de Itacuruçá só pra “movimentar a cidade”, e chegou a ser o 2º maior da América Latina.

Os clubes faziam grandes bailes, regatas e confraternizações, mas só permitiam veranistas brancos, lembra Ricardo. Cira e Sara contam que, no da Praia Grande, moradoras negras, como elas, não podiam entrar pela entrada social. Com os anos, foram abrindo para moradores brancos e, finalmente, aos moradores negros.

Essa badalação fez com que navegar pela baía de Sepetiba virasse moda e, de repente, nos anos 60, mais de 50 saveiros levando dois mil turistas por dia tinham tomado conta de Itacuruçá e ilhas, lembra Kakau.

Em 1973, junto da Rio-Santos, vieram o Porto da Ilha Guaíba e a MBR e, em 1982, o Porto de Itaguaí, gerando empregos. Natalino entrou no primeiro ano da MBR, que era como uma família. Marcos explica que, pra construírem tudo, a paisagem foi alterada: mangues aterrados, costeiras mudadas, canais dragados. Algumas praias sumiram, outras surgiram. A fauna abundante rareou. O grupo de botos, que Daila assistia todas as tardes, parou de passar. Sem peixes, a comunidade caiçara de Cida abandonou a pesca e o pai dela foi trabalhar como caseiro.

Natalino Teixeira da Cunha

Ricardo Marques Vieira

Gelcira Pereira Gomes

Cira

Marcos Luiz de Souza

RIO-SANTOS

Os mangaratibanos sonharam muito com uma boa estrada. Primeiro veio a Imperial, que ligava ao Vale do Café, depois a RJ-14, que melhorou o acesso a Itaguaí, mas foi só no final da década de 60 que começou a construção da Rodovia Rio-Santos (BR-101).

Foram muitos anos de obras em três turnos. Luciano e Ademar trabalharam na construção e contam que veio muita gente, de todo o país. Muitos acabaram ficando na cidade quando terminou, como o próprio Ademar, em bairros como Bela Vista e no distrito de Conceição de Jacareí.

Foram anos complicados. Miguelzinho lembra que era muito buraco e atoleiro. Maria José um dia perdeu o barco e, de carona num jipe, demorou mais de quatro horas pra chegar do Centro a Conceição de Jacareí  pelo canteiro de obras. Chovia muito, então Ademar e os outros operários ficavam semanas parados esperando o tempo melhorar. Irene, inclusive, perdeu a casa em um deslizamento de terra da estrada na Praia Grande. Aos poucos, os trechos foram sendo entregues até que, em 1975, a estrada cortou a cidade inteira. 

Os moradores se dividem sobre o resultado. Kakau, que era vereador na época, diz que no início o progresso foi ótimo mas, com a ocupação desordenada, as coisas complicaram. Fernanda conta que, em Conceição de Jacareí, além da invasão de turistas e veranistas, o bairro ficou dividido entre ricos, na parte baixa da estrada, e pobres, na alta. Mirian acha que a cidade não conseguiu se conectar como esperado. João Luiz acredita que os benefícios são maiores, e trabalhou anos pra que a estrada não fosse um problema pros moradores.

Irene da Conceição

Ademar Carneiro Monteiro

João Luiz Vasconcelos de Carvalho

José Miguel Olímpio Simões Filho

Miguelzinho

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