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UNIÃO, COMUNIDADE, MISTÉRIOS E SUSTENTO

O mar une as pessoas. A mãe de Georgette a levou para seu primeiro banho de mar com quatro meses. Sonia e seus primos tomavam banho de mar à noite no Sítio Bom. Cida lembra com orgulho que seu irmão ganhou três competições de canoa caiçara com uma que seu pai tinha, de um tronco só, muito veloz. Inez sente saudades de quando acampava com os pais na Praia Grande e dormia ouvindo o barulho do trem. “Mangaratiba tem uma relação com o mar maior do que com a terra, tanto que a igreja é da padroeira dos navegantes”, comenta Marcos.

O mar é comunitário. Quando Ricardo ficava parado com seu veleiro no meio da baía, esperando vento, sempre aparecia um pescador oferecendo ajuda. Inez, Valdirene e os voluntários da Praia Grande fazem questão de cuidar da praia “porque é o quintal de casa”.

O mar tem seus mistérios. Sara nunca vai esquecer do ser assustador que saiu do mar e atacou sua irmã na Praia Grande. Fernanda explica que é dependendo de onde aponta a Boca da Barra, em Conceição de Jacareí, que se sabe se vem morte em Angra ou em Mangaratiba.

O mar traz o sustento. Vânia aprontava com outras crianças durante a pesca da tainha na Praia do Sino, na Marambaia: “Havia um entrosamento entre as pessoas, um ajudava o outro, e quando terminava, o dinheiro da pescaria era usado para comprar o material para as casas das famílias.” Mirian encontrou nos livros de Atas da Câmara que foi a pesca que sustentou as escolas locais durante anos. Cícero e Natalino contam que o porto da Ilha Guaíba é um dos principais geradores de empregos na cidade.

 

Gilsara Pereira Gomes

Sara

Fernanda Etelvino Cruz Ramos

Geogertte Gabriel Georges

Vânia Maria Alves Guerra dos Santos

DIVERSÃO, ENCANTAMENTO E LIBERDADE

O mar é diversão. Kakau, Luciano, Cesar, Cary, Vicente, Bauer, Natalino, Deo, Emil, Emilzinho e toda a garotada festejavam quem conseguia pular do ponto mais alto do guindaste, no píer do Centro. Geraldo e a família, todos os anos, transformam o barco em carro alegórico para o Carnamar. Angela e seus amigos fizeram muitos luaus com biscoito piraquê e violão na Praia de Jacareí. Ricardo adorava encerrar o carnaval dentro do mar ao som da banda do Iate Clube de Itacuruçá, e depois dormir na areia.

O mar encanta. Valdir e Mirian esqueciam da vida na viagem de trem, vendo as pessoas acenando nas praias e sentindo os respingos das ondas que quebravam ao encontrar o vagão. Diva ainda guarda a imagem do trem com um andor de Nossa Senhora Aparecida, coberto de flores, em frente à praia do Centro. Vicente se enche de alegria ao ver as crianças nas escolinhas de vôlei e futebol da Praia do Saco. Em épocas e contextos diferentes, Priscila e Gil se apaixonaram pelo paraíso e não sossegaram enquanto não se mudaram para cá.

O mar traz liberdade. Daila aprendeu a remar com um remo só, em pé, pegando a canoa escondida da mãe e cruzando o canal de Itacuruçá sozinha. Julieta saía da escola, jogava os sapatos pra dentro de casa, o pai gritava “O que é isso!”, e ela corria para a praia. Edgard passeava sozinho pelos trilhos até a praia de Ibicuí. E Maria José que, quando garota era proibida pelo pai de ir à praia porque era “coisa de homem”, depois de adulta até os dias de hoje, ainda aproveita, e muito, no alto de seus 85 anos: “Agora ninguém me manda, né?”.

Aderbal Teixeira da Cunha Filho

Bauer

Maria José Etelvino

Valdir dos Santos Soares

Julieta, Genny e Georgette

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