As festas das paróquias, com procissão, barraquinhas, leilões e shows, sempre tiveram um cantinho no coração da cidade. A família inteira de Sonia atravessava em canoas para curtir a de Nossa Sra. da Guia, no Centro, e a da Cida comprava roupas novas pra participar. Em Itacuruçá, Daila assistia ao forró da varanda de casa na Festa de Sant’Anna, e Geraldo ia a pé com os amigos desde Muriqui. E ainda tinha a de Nossa Sra. da Conceição, em Conceição de Jacareí, e a de São João Marcos, na Serra do Piloto.
Hoje, a família de Fernanda, Maria José e Angela mantém a Folia de Reis que tanto curtiram com Seu Dito Filhinho, em Conceição de Jacareí, assim como a de Maria das Graças mantém firme a tradição centenária na Serra do Piloto.
A procissão marítima de São Pedro foi a inspiração para Geraldo iniciar o Carnamar, o desfile de carnaval marítimo.
Todos os clubes (os Iates de Itacuruçá e de Muriqui, o Grêmio, o Mangarás…) tinham, além dos bailes de primavera e outros dançantes – onde Cícero se divertia com a esposa – grandes carnavais.
Do carnaval, Ricardo gosta de lembrar do início do Bloco do Carvão de Itacuruçá; Cary e Cesar, do João Francisco tocando “Se a Canoa Não Virar”; Patrícia, Taís e Fátima, de curtir o Bloco do Farofa; Fernanda, da disputa entre Fenianos e Democratas em Conceição; Miguelzinho, da folia na bateria do Curtição, bloco do Djalma e do Roberto, marido da Dona Marli.
De festa, o pessoal dos quilombos gosta: Marambaia comemora a Consciência Negra, e Santa Justina-Santa Izabel faz a Festa da Banana.
Quando Genny, Georgette e Julieta eram crianças, as aulas ainda eram na casa da Dona Cordélia, e até a metade do século XX, Mangaratiba só tinha escolas primárias. As crianças e jovens de toda a cidade tinham que se deslocar pra estudar: Mirian, de Muriqui, Sara e Cira de Praia Grande, iam de trem; Luciana e Maria das Graças, da Serra do Piloto, de ônibus ou a pé; Vânia, da Marambaia, acordava de madrugada pra ir de lancha pra Muriqui; e Ernestina acabou desistindo porque tinha que atravessar três cachoeiras.
Muitos deixaram a cidade para estudar, e vários voltaram. Cícero, além de dentista, foi professor; Vicente voltou para ser Procurador; Genny virou assistente de contabilidade da Prefeitura; Kakau abriu um restaurante; Emil, além de advogado e prefeito, tornou-se poeta e o contador da história da cidade, com vários livros publicados.
Havia ainda a Escola de Música do Maestro Olímpio e a Orquestra Municipal da Fundação. Hoje, os jovens estão voltando para a música com Daniel e o “Coreto Alternativo”.
Mangaratiba inspira à arte!
Dos desenhos de Rugendas e pinturas de Pancetti às esculturas de Marcelo; do filme de Mário Peixoto às fotos de Renan e Priscila; dos poemas de Vânia sobre a resistência da Marambaia, aos de Cary, sobre suas recordações de infância, e de Gil, sobre o amor de seus avós; das canções de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, às de Daniel sobre a beleza da cidade e de Cida, sobre a vida caiçara.