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Cesar Carriço

CESAR CARRIÇO

MURIQUI

Nascido em 10 de janeiro de 1952. Na infância, a cidade era maravilhosa. Tinha quase tudo. Além da harmonia e conhecimento das famílias, tinha muito divertimento: bailes, festas, futebol, brincadeiras, a escola funcionando bem, reuniões de família e natureza. Sou um dos poucos que nasceu, morou e vai morrer em Mangaratiba. Estudei na escola Coronel Moreira da Silva no primário e em Muriqui no ginásio. Para ir para Muriqui era de trem, e voltava ou de trem ou de carona com os caminhões de entrega. A empresa de Ônibus Expresso Mangaratiba nessa época já funcionava de São João de Meriti a Mangaratiba, então também voltava de ônibus às vezes. Recordo com saudade do bloco “Grito do Leão” com o “Se a Canoa Não Virar” tocada no clarinete. Também tinha a Banda “Cata Folião” que saía do Grêmio Olímpico tocando sozinha, e passava pela rua do cinema e chegava na praça lotada de seguidores. Isso foi até o final dos anos 70. Nos anos 80, não tinha mais o Grêmio, onde hoje é o prédio da Fundação Mário Peixoto. Lembro das festas juninas: corrida do saco, pau de sebo, corrida do ovo na colher, mordida na maçã, dança com laranja, arrasta-pé, anarriê, dança com chapéu. A festa não dependia da prefeitura, era uma comissão que organizava. As comissões mudavam de ano para ano: um dos marítimos, outro dos ferroviários, outro dos pescadores, comerciários. A última diretoria da festa de Nossa Senhora da Guia foi a que deu problema, não deu certo, mas a festa já estava passando a parte social para Prefeitura. Meus irmãos e eu fomos pioneiros em vender Bananada Tita no trem. Foi por causa da venda de bananadas que perdi as provas e repeti de ano na escola. Vendia sorvete Kibon também, com isopor no ombro. Em Ibicuí, Praia do Saco, Ribeira. Mangaratiba sempre foi pequenininha e eu sempre tive pernas grandes. Lembro do banho de mar à fantasia no carnaval. No Centro, tinha uma banda que saía de dia e as crianças e adolescentes saiam fantasiadas e depois iam todos tomar banho de mar fantasiados. Tinha concurso de fantasia e para rainha do carnaval. Tinham os mascarados. Tinham os foliões solitários, que se fantasiavam e saiam sozinhos, não em grupo: Emil Passos, Ivan Maia, João Macuco, o Bacalhau e a Dona Joaquina. Bacalhau dizia: “Mangaratiba, cidade que me seduz: de dia falta água, de noite falta luz”. Eu fazia parte do Bloco da Múmia, em que todo mundo se enrolava em papel higiênico e saia desfilando. Recordo os eventos da Fundação Mário Peixoto, como o Cachaça Poética, que não estão fazendo mais. Não tenho habilidade para ser organizado, mas sempre participava quando era convidado. Às vezes, mesmo sem ser poeta, levava um escrito só para poder participar.

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Sonia Tavares

Sonia Tavares SITIO BOM Nasci em 1957 em Sítio Bom, uma localidade da cidade a caminho de Conceição do Jacareí.

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MARLI RODRIGUES Mangaratiba – centro Vim parar em Mangaratiba há 50 anos por intermédio do pessoal do futebol. Abri uma

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Aderbal Teixeira da Cunha Filho (Bauer)

ADERBAL TEICEIRA DA CUNHA FILHO (BAUER)

MANGARATIBA - CENTRO

Nascido e criado em Mangaratiba. Morava onde hoje tem a escolinha Maria Augusta – antes tinha um valão que agora é canalizado. Uma vez caí todo arrumado dentro do valão. Lembro dos mais antigos na praça, conversando. Quando criança ficava na praia brincando, jogando futebol, pulava da ponte e do guindaste. Ótimas lembranças. Era uma época boa, eu dormia com as janelas abertas. Hoje em dia não tem mais sossego. Fui jogador de futebol. Joguei cinco anos no Fluminense, mais dois anos no Bangu, depois Maceió e Fortaleza. Quando voltei para Mangaratiba, trabalhei no porto, no almoxarifado de uma empresa e como vendedor de fabricantes de bebidas. Hoje, mexo com plantas, tenho dois filhos e três netos e planejo morar na Serra do Piloto em breve.

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Humberto Carlos Mendonça Vaz

HUMBERTO CARLOS MENDONÇA VAZ

MANGARATIBA - CENTRO

Nascido e criado na cidade, vereador e presidente da Câmara, idealizador e criador da Fundação Mário Peixoto. Responsável pela preservação do Solar Barão do Sahy e do Centro Cultural Cary Cavalcanti.

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Fátima Ribeiro de Oliveira

FÁTIMA RIBEIRO DE OLIVEIRA

MANGARATIBA - CENTRO

Quando eu era jovem tinha um parceiro de Bloco do Farofa, o Naldo. Fiquei muito triste com a partida dele. O bloco começou só com homens, aí nos anos 70 ou 80 eles abriram para todo mundo. Foi nessa época que Naldo virou meu companheiro de carnaval.

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Patrícia Vieira Braga

PATRÍCIA VIEIRA BRAGA

MANGARATIBA - CENTRO

Sou nascida em 1952 e criada em Mangaratiba. A maior parte da vida morei na cidade. Cresci no Centro, que era uma grande família. Estudávamos e brincávamos juntos. Na quadra, tinha esportes e os blocos no carnaval. Sinto saudades da praça, onde acontecia tudo. É uma honra para mim hoje ser comerciante na mesma praça. Amo a cidade, sou mangaratibana com amor.

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Mary Jane Fonseca Torres

MARY JANE FONSECA TORRES

JUNQUEIRA

Vim de Campo Grande e já moro no Junqueira há alguns anos e não quero voltar. Acho a cidade pequenina, limpa, organizada e quero terminar os dias aqui. Gosto da praia, dos amigos que fiz, da igreja, do convívio com as pessoas, da hospitalidade, de tudo.

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Maria Aparecida Angelo da Silva (Cida)

MARIA APARECIDA ANGELO DA SILVA (CIDA)

JUNQUEIRA

Nascida em Junqueira em 1961, numa colônia caiçara. Meus pais eram pescadores e acredito que minha mãe é descendente dos Tupiniquins que foram expulsos do Centro quando os brancos dissolveram o aldeamento. Isso porque minha avó era indígena, com longos cabelos lisos. Os próprios moradores têm essa recordação, das raízes indígenas, apesar de não terem documentação comprovando. A família e a comunidade caiçara nunca tiveram propriedade, sempre foram caseiros, moravam em terrenos de outras pessoas. Quando criança, lembro muito das brincadeiras na praia, da grande figueira na praça, das corridas de canoas (meu irmão venceu três vezes) e da pesca. Era uma comunidade sustentável, que pescava, criava animais e plantava o que comia, e o que não tinha trocava pelo excedente do que produziam com a quitanda do Centro. Não tinha luz elétrica e a comunidade ficava isolada, só podia sair a pé, de barco ou de trem, que passava rente à praia. Tenho no trem grandes recordações, já que que conectava a comunidade com o mundo, levava ao Centro para estudar e via indo e voltando com os veranistas e os moradores. Com a construção do porto, nos anos 60, e a dragagem do canal, a praia mudou e a pesca foi prejudicada. Quando o trem de passageiros parou de passar, na sequência, a comunidade ficou muito isolada e acabou, aos poucos, se dissipando. Depois de uns 15 anos de trilhos abandonados, foram retirados e o caminho transformado em estrada, o que acabou devastando de vez a região, que viu sua praia e encostas sumirem com as construções. Fui estudar no Rio, mas quis voltar, e mudei para o Centro. Já adulta, comecei a me interessar pela história da cidade indo trabalhar na Fundação Mário Peixoto. Sou uma das responsáveis pela salvaguarda da história da cidade e tenho um grupo de forró, que toca nos bares e festas da cidade.

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Emil de Castro

EMIL DE CASTRO

Fazenda Santa Izabel

Nasci em 1941 na beira da cachoeira da Fazenda Santa Izabel. Era filho do administrador. Aos seis anos, fui morar com meus avós na Rua do Trapiche. Tive uma infância brincando livre pelas ruas e praias da cidade. Incentivado pelo meu pai, me interessei logo pelos estudos e fui estudar Direito no Rio de Janeiro. Advogado formado, voltei para a cidade onde passei a atender a população local, de qualquer classe social. Contestador, junto com o jornalista Elio Gaspari, fundei o jornal 'O Marimbondo', que focava especialmente em questionar a política da cidade. O jornal não durou muitas edições, mas incomodou as autoridades por publicar editoriais fortes e contestadores em plena ditadura militar. O jornal me fez mais conhecido ainda pelos moradores. Encorajado pelos amigos e apoiadores, aos 22 anos me elegi vereador pela primeira vez, sendo eleito novamente. Depois, na recém redemocratização, fui prefeito da cidade. Fui responsável pela implantação de políticas de preservação de patrimônio, de eventos como o Cachaça Poética, e equipamentos culturais, como a biblioteca Ary Parreiras, e a consolidação da já existente Fundação Mário Peixoto. Fui amigo do cineasta, inclusive. Após meu mandato, tentei me eleger mais algumas vezes, mas, sem sucesso, desisti da política oficial. Mas continuo trabalhando pela cidade por meio da Fundação e das minhas obras de poesia e de história de Mangaratiba. Já somam mais de quinze livros.

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Cícero Alessandro Lopes

CÍCERO ALESSANDRO LOPES

MANGARATIBA - CENTRO

Tive uma infância livre. Nasci em Barra do Piraí em 1934 e cheguei em Mangaratiba aos quatro anos. Meu pai era controlador de estação ferroviária. Morávamos no Centro. Lembro que a viagem de trem era bucólica, bonita. A praça ficava repleta de namorados esperando a partida ou a chegada do trem. Até pré-adolescente eu tinha estudado muito pouco, mas então fui enviado para o Rio de Janeiro pelo meu pai para me preparar para a faculdade e lá fiz o curso ginasial e o científico (hoje ensino médio). Passei a andar de trem sozinho por volta dos 15 anos e às vezes ia para o Rio. Cursei odontologia na capital e voltei para cidade em 1959. Meu pai queria que eu abrisse um consultório na cidade, mas eu não, porque a energia elétrica ainda era muito fraca. Mas acabei montando em uma casa perto da estação. Lembro de ter tido muita dor de dente na infância e que, na época, a cidade tinha dois dentistas “práticos”, sem faculdade. Quando abri meu consultório virei “colega” dos práticos, mas fui um dos primeiros a chegar na cidade para atuar tendo nível superior. Na primeira visita, achei que era um cliente e era o fiscal da prefeitura, Seu Mariozinho Mendonça, para formalizar o consultório. Tive três pontos diferentes ao longo dos anos: a casa da estação, a casa do João Alemão e a minha própria casa. Oferecia “odontologia para os brasileiros”. Humilde, não sofisticada – nem que eu quisesse poderia oferecer sofisticação porque o nível econômico era muito baixo. Os mais abastados se tratavam no Rio, então atendia basicamente as classes média e baixa da cidade. Mas não fiz odontologia para ficar rico e sim para atender os outros e viver bem. Tive contato com os descendentes dos indígenas na população da Ilha Guaíba. A clientela mais humilde não tinha dinheiro para tratamentos mais elaborados, como próteses. Eles eram da região, eu conhecia as famílias de vários caiçaras. Atendia gente da Marambaia, da Ilha Grande, de toda a região. Com a vinda do porto, em 1973, a clientela mudou. Passei a receber em dólar dos tripulantes e funcionários que chegavam na cidade. Conheci minha esposa Nelma muito novo. Casei-me com a bisneta do Coronel Moreira da Silva, que foi prefeito de Mangaratiba e em sua gestão o trem chegou à vila. O Coronel foi ao Rio conversar com o engenheiro Paulo de Frontin para convencê-lo a levar a estrada de ferro até lá. Lutou muito pra isso: em 1910 o trem chegou à Itacuruçá e em 1914, finalmente, à vila. A inauguração foi muito festejada com direito, inclusive, a um banquete com a presença do Presidente da República, Hermes da Fonseca. Fomos contemporâneos do jornalista Elio Gaspari. Lembro que, na ditadura, ao ser perseguido, Elio foi se esconder em Mangaratiba. Nas terras herdadas da família Moreira da Silva, montamos uma escola onde dei aula de geometria por nove anos. Depois transformei a escola em uma pousada junto com minha esposa, que era muito empreendedora, “política”. Então transformamos uma escola cheia de casinhas em uma pousada com bom estacionamento, onde os hóspedes podiam deixar o carro enquanto visitam a Ilha Grande, que agora tem uma infraestrutura turística muito boa, bem diferente de quando visitei pela primeira vez, ainda na época dos presídios. Havia dois presídios: o Lazareto e o da Colônia, que não recebiam apenas presos de alta periculosidade, como também presos políticos, como na intentona comunista de 1935 e outros. Lembro que o escritor Graciliano Ramos esteve preso ali e, assim, escreveu ‘Memórias do Cárcere’. No livro, o autor conta que passou por Mangaratiba, vindo de trem, que tinha a primeira e a segunda classes – os presos vinham na segunda. A saída do trem para o embarcadouro era muito rápida e o escritor não teve tempo de ver mais da cidade. Como recordação afetiva, lembro do trem, dos clubes sociais da vila onde eu ia dançar com minha esposa, e o cenário de interior, da “sociedade” que existia e não existe mais. Antes eu conhecia todo mundo, hoje não conheço mais ninguém. “O tempo é um químico invisível, que transforma tudo”.

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Gil Del Carmo

GIL DEL CARMO

MANGARATIBA - CENTRO

Para eu falar da minha relação com Mangaratiba eu tenho que voltar duas gerações da minha família. Tudo começou com a questão dos meus avós: Sebastião Rodrigues de Miranda e a Maria Laurindo de Miranda. Ambos moravam na Ilha da Gamboa. Jovens, em 1944 meu avô foi para a guerra. Ele tinha prometido a minha avó que voltaria para casar-se com ela e minha avó, aquela caiçara linda, esperou meu avô. Eu lembro que ela contava as histórias que o pessoal passava, e ela era muito bonita, com traços praieiros, e falava assim: “ele vai voltar só um toco, vai voltar sem braço, vai voltar sem perna”. Aí ela falava assim: “ele pode voltar do jeito que quiser, mas eu vou estar esperando”. E aí ela ficava na janela. Então eu até fiz uma poesia em homenagem à memória dos dois que está no Beco da Poesia e chama-se ‘Da Gamboa pela janela’. Então eles se casaram numa ciranda. Não temos fotos porque a família era muito pobre na época e não tinha essa questão de tirar fotos. Mas ela contava que casou numa festividade, estabeleceu moradia no distrito de Itacuruçá, onde já tinha um pouco da nossa família também e as irmãs dela. Meu avô depois que veio da guerra se estabeleceu como trabalhador da linha férrea e ficou no trajeto Mangaratiba-Itaguaí e trabalhando como fiscal de linha, algo assim. Com isso tudo ele acabou ganhando um dinheiro e passou a residir lá em Coroa Grande. E aí teve os filhos todos e trabalhava muito, era comerciante, e a família cresceu e se estabeleceu em Itaguaí. Parte da nossa outra família se estabeleceu aqui em Itacuruçá, a família da irmã da minha avó. Minha ligação com o Mangaratiba começa minhas vindas de férias em Itacuruçá. Todas as férias escolares eu vinha, ficava com meus primos, a gente pescava, ia na praia, participava das festividades da Festa de Santana. Enfim, era o ponto alto da minha vida por uns bons 10 anos. Eu sempre tive o sonho de morar em Mangaratiba, principalmente em Itacuruçá. Com o passar do tempo, eu comecei a minha vida lá em Itaguaí como produtor cultural e curador do Centro Cultural de Itacuruçá (CEFEC) e trazia exposições da Universidade Rural do curso de Belas Artes que eu estava fazendo, para a Costa Verde, sempre expondo lá obras dos meus associados da minha empresa Zoio da Arte. Em 2018, recebi o convite para trabalhar como curador do Museu Municipal. Com isso, cheguei aqui no município, fui estreitando os laços, me mudei com a minha família para cá em 2019 em novembro de 2019. A gestão foi mudando e hoje eu trabalho como Diretor de Cultura lá da Fundação e presto consultoria de editais e de projetos para comunidades tradicionais. Tenho uma grande inserção nas comunidades quilombolas, nas comunidades caiçaras aqui do município. É um trabalho que eu gosto muito e amo muito fazer porque são comunidades que não eram assistidas com esse tipo de trabalho, não participavam de projetos e hoje estão concorrendo, ganhando os editais e melhorando as condições de trabalho nas suas localidades. É um trabalho que eu gosto muito. Eu fiz o contrário: meus avós saíram de Mangaratiba e eu retornei. É uma cidade que eu amo demais, amo a história, amo as pessoas porque são altamente hospitaleiras, com um coração imenso e que me receberam de forma muito calorosa. É um sonho que eu acabei realizando, de estar morando nesse local. Não em Itacuruçá, mas só de estar no município eu já fico feliz da vida e sou muito feliz por isso. Às vezes paro para pensar sobre isso. Quando a gente fala sobre o futuro a gente quer progresso, né? Eu quero progresso para minha cidade, mas que nunca esse progresso venha sem perder o que Mangaratiba tem de melhor, que é essa identidade, esse povo maravilhoso. Penso num futuro onde o artista não precisa mendigar seu trabalho para a prefeitura, um futuro em que eu possa sair com a minha família com roteiros culturais e turísticos, um futuro que possa ser melhor para as pessoas, possa ter políticas públicas mais acolhedoras, que se torne referência na questão de cultura, turismo e ação social que são as três áreas que eu mais me identifico. Uma política pública que possa manter as pessoas aqui e que elas não precisem se humilhar para poder seguir as suas vidas e que tudo isso seja feito sem agredir o meio ambiente, que é o mais difícil. É isso.

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